Os solos moles são compostos por sedimentos argilosos com valores de SPT ≤ 4, ou seja, argilas moles ou areias argilosas fofas de deposição recente. Segundo a obra Aterros sobre solos moles, estes tipos de solo têm origem fluvial e estão presentes em todo o mundo, com maior intensidade no Brasil e outros países com costas litorâneas extensas.
Apesar de bastante comuns, os solos moles têm algumas características desfavoráveis como alta compressibilidade e baixa resistência ao cisalhamento. Por essa razão, aterros construídos sobre estes solos precisam receber mais atenção para as questões de estabilidade.
Aterros de ponta
O deslocamento de solos moles pode ser realizado com o peso próprio do aterro, ou seja, com o avanço de uma ponta de aterro em cota mais elevada que a do aterro projetado. Com isso, a camada mole do solo é empurrada e expulsa, dando lugar a um aterro embutido. Caso exista solo mole remanescente em espessura maior do que a desejada, o engenheiro pode aplicar uma sobrecarga temporária, evitando recalques pós-construtivos.
Aterro convencional com sobrecarga temporária
Consiste em um aterro executado sem dispositivos de controle de recalque ou de estabilidade. O mais comum é que o aterro convencional tenha sobrecarga temporária para aumentar a velocidade dos recalques primários e compensar os recalques secundários. Apesar disto, este método construtivo tem um prazo elevado para estabilização dos recalques e necessita de um grande volume de terraplanagem associado a empréstimo e bota-fora.
Aterros construídos em etapas, com bermas laterais e reforçados
Quando a resistência não drenada das camadas superiores do depósito mole é baixa, torna-se necessária a redução da altura do aterro. Para isso, pode-se construir o aterro em etapas, permitindo o paulatino ganho de resistência da argila. Outra solução está na utilização de bermas de equilíbrio, que permite aumentar o fator de segurança quanto à ruptura e distribuir melhor as tensões. Após o uso de bermas, os geossintéticos para reforço estrutural devem ser instalados para evitar danos mecânicos à estrutura.
Aterro sobre drenos verticais
Também conhecidos como geodrenos, consistem em um núcleo plástico com ranhuras em forma de canaleta, envolto em um filtro de geossintético não tecido de baixa gramatura. Nos aterros feitos sobre geodrenos, executa-se inicialmente a camada drenante e os drenos são solidarizados à sapata de cravação. Em geral, são associados a sobrecargas temporárias, ou seja, instalam-se drenos verticais e aplica-se um vácuo neste sistema.
Aterros leves
Esta técnica consiste no uso de materiais leves no corpo de aterro, reduzindo a magnitude dos recalques. Tem como vantagem a melhoria nas condições de estabilidade desses aterros, permitindo também a implantação mais rápida da obra e diminuindo recalques diferenciais.
Aterros sobre elementos de estacas
Os aterros sobre elementos de estaca ou estruturados são aqueles que em parte ou totalidade do carregamento devido ao aterro é transmitida para o solo de fundação mais competente, subjacente ao depósito mole. Esse tipo de solução minimiza ou elimina a necessidade de utilizar recalques e melhora a estabilidade do aterro. Além disso, diminui o tempo de execução do aterro, já que o alteamento pode ser realizado em uma só etapa.